Um sonho que não é nada do que se sonha é a faculdade...


Um sonho que não é nada do que se sonha é a faculdade. Acha-se que vai ser mais fácil o convívio e a aceitação de todos, porém é muito mais difícil. Entrei na Universidade do Estado de Minas Gerais para o curso de Design Gráfico. Assim que souberam que eu tinha passado ligaram na minha casa e marcaram uma reunião comigo e com minha mãe. Por razões práticas, minha mãe foi sozinha. Os cordenadores disseram que para fazer o curso tinha que ter habilidade motora. Se minhas limitações afetarem o meu rendimento estou preparada para interromper o curso. Na reunião minha mãe deixou isto bem claro. Algumas coisas não pude fazer nesses períodos, porém os professores adaptaram as atividades de acordo com minhas limitações.

O designer é um projetista. No meu caso, não tenho que executar o projeto, por exemplo de uma embalagem. Tenho que fazer o projeto para que uma pessoa possa executar. Não tenho o que reclamar dos meus professores. Eles cobram o mesmo ou mais de mim do que dos outros alunos. Uns são mais receptivos do que outros. A estrutura e o apoio dos professores e dos cordenadores da Escola de Design é para mim excelente. Eles me ouvem e me dão total ajuda e segurança. Nos comunicamos mais por e-mail.

Na minha turma de faculdade foi diferente. O convívio com meus colegas em dois anos de curso foi extremamente fora do "normal" para mim. Esperava encontrar pessoas mais maduras e ter uma vida social um pouco mais intensa, porém foi o oposto. Não por eles me tratarem mal ou não me ajudarem, mas sim por eles serem extremamente e estranhamente academicos comigo. Não há conversa fora do assunto dos trabalhos e eles discutem e disputam comigo os "privilegios" que eu tenho. Trabalho em grupo sempre foi um problema desde do colégio, achei que seria pelo menos um pouco melhor na faculdade, mas é pior. Além deles não deixarem ajudar no trabalho, eles reclamam com os professores que não faço nada. Não consigo fazer nada de última hora, pois demoro o dobro do tempo do que uma pessoa "normal". Meus colegas sempre deixam os trabalhos pro último minuto. Eu tento ajudar, mas acabo brigando com eles pois acho que o trabalho pode ser melhor.

Porém nestes dois anos aprendi algumas coisas: a me virar sozinha, que não estou na faculdade para fazer o social, a conviver com as pessoas sem ligação mais intima, que nem tudo é como se espera e que tenho muito o que mudar na minha postura de convivência.